Osteoporose, enfraquecimento e fraturas: como o microplástico pode estar afetando a saúde dos ossos

  • 20/10/2025
(Foto: Reprodução)
Como o microplástico pode estar afetando a saúde dos ossos As partículas microscópicas que se desprendem de materiais plásticos ao nosso redor, e que já foram identificadas no sangue, na placenta e no cérebro de seres humanos, podem estar afetando a saúde dos nossos ossos. É o que alerta uma revisão científica publicada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O trabalho, realizado no Laboratório para o Estudo Mineral e Ósseo em Nefrologia (Lemon), analisou 62 pesquisas internacionais e encontrou evidências, por exemplo, de que os microplásticos podem interferir diretamente nas células-tronco da medula óssea, o que poderia levar ao enfraquecimento dos ossos (entenda abaixo). 📱 Baixe o app do g1 para ver notícias da região em tempo real e de graça Rodrigo Bueno de Oliveira, coordenador do Lemon, explica que a maioria dos estudos foi realizada em animais, mas que os achados apontam que os seres vivos, em geral, podem ser impactados. Agora, os cientistas tentam desvendar quais impactos são esses. 🔎 Entenda: uma revisão científica é um tipo de trabalho acadêmico em que o autor não faz um experimento novo, mas lê, reúne e organiza o que já foi publicado sobre um tema. É como fazer uma "curadoria" de um assunto, mostrando o estado atual da área e propondo novas análises. “Será que o microplástico pode causar osteoporose? Será que está ligado à fragilidade e às fraturas óssea? Não sabemos ainda, mas é possível. O nosso laboratório está estudando o efeito do microplástico no agravamento e no desenvolvimento da osteoporose. Então, em breve, a gente espera poder contribuir e dar uma resposta científica a essa questão”, diz Oliveira. A seguir, o g1 detalha: quais os principais achados da pesquisa o que são microplásticos e como eles vão parar no nosso corpo quais os próximos passos o que fazer para nos proteger Os principais achados da pesquisa Segundo Rodrigo, o papel do microplástico nos ossos vem sendo estudado pelo laboratório da Unicamp há, aproximadamente, um ano. Com base nos artigos revisados, os pesquisadores constataram que eles têm algum efeito nocivo ao tecido ósseo. Entre os achados que mais chamam a atenção estão: um estudo publicado neste ano por um grupo de pesquisadores chineses, que identificou, pela primeira vez, a presença de fragmentos de microplásticos dentro do tecido ósseo humano; uma pesquisa que constatou que células-tronco da medula óssea podem ter as funções comprometidas por conta do microplástico, que favorece a formação desordenada de células que degradam o tecido; um experimento que ofereceu um tipo de microplástico para camundongos em idade de puberdade e constatou que o material levou à redução do crescimento dos ossos; estudos in vitro com células do tecido ósseo que demonstraram que o microplástico prejudica a viabilidade celular, acelera o envelhecimento e causa inflamações. O artigo de revisão foi publicado na Osteoporoses International e teve apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). LEIA TAMBÉM: Cientistas brasileiros encontram microplásticos na placenta e no cordão umbilical de grávidas Cérebro tem concentração de microplásticos até 30 vezes maior que outros órgãos, indica estudo Pesquisa encontra, pela 1ª vez, micropartículas de plástico no sangue de seres humanos O que são os microplásticos e como eles vão parar no nosso corpo? Os microplásticos são fragmentos que se desprendem de materiais plásticos, como garrafas, sacolas, entre tantos outros, como resultado de sua degradação. Eles são minúsculos, podendo ser menores que uma célula humana, e acessam o corpo humano por meio das vias oral e inalatória. 👄 Estudos apontam que a ingestão de alimentos e água é a forma mais provável de entrada do microplástico no corpo. Nesse caso, o material seria absorvido pelas células intestinais, o que o levaria até a circulação sanguínea, fazendo com que se depositasse em diferentes órgãos e tecidos. 👃 Também pode ocorrer pela via inalatória (mas há menos informações sobre isso). Pesquisas indicam que os microplásticos podem entrar nas vias superiores ao respirar, seguindo até as vias inferiores, sendo absorvidos pelas células do pulmão e caindo na circulação. "Os mecanismos exatos de como isso se dá ainda não são totalmente conhecidos, mas sabemos que existem estruturas que englobam o microplástico e levam ele para dentro da célula. Certamente, a célula reconhece como um material estranho, tenta dissolver, consegue talvez parcialmente, mas uma parcela vai para circulação", comenta. Próximos passos O pesquisador ressalta que, até então, apenas um estudo avaliou os efeitos do microplástico diretamente em células humanas. Embora as pesquisas que utilizam modelos animais, como camundongos, ajudem a nortear os questionamentos dos estudiosos, ainda faltam elementos para dizer como e quão grave é a ação desse material no nosso corpo. “Já foi identificado o microplástico em placas do cérebro, na urina, mas, no tecido ósseo, a primeira descrição foi este ano. Então, a ciência ainda não sabe quais as consequências exatas disso para o ser humano. Mas quando a gente vai analisar os estudos em animais e em células, os resultados mostram que a exposição do tecido ou das células aos microplásticos causa implicações”. Um dos motivos para isso é a dificuldade de controlar todos os fatores que interferem no metabolismo ósseo. A expectativa é que, no futuro, sejam desenvolvidos métodos que possibilitem medir a quantidade de microplástico por meio da urina do indivíduo e, com isso, fazer associações, como com fraturas ósseas, por exemplo. Reduzir o consumo é a melhor opção Comprar menos plástico é uma das medidas para serem adotadas contra o aquecimento global Reprodução/EPTV Ainda não há uma resposta definida para os efeitos do microplástico na saúde dos ossos, mas para o cientista o alerta é claro: a forma como convivemos com o plástico precisa ser revista com urgência, pois seus efeitos negativos para o meio e para os seres vivos, desde a produção, até o consumo, são mais do que conhecidos. “A gente produz no mundo 400 milhões de toneladas de plástico, aproximadamente, todos os anos. Existe uma expectativa de que isso aumente 50% nos próximos anos. Só que essa produção de plástico gera calor e gases que afetam, agravam, o efeito estufa. Então, é um agravante do clima. A sociedade precisa que cada indivíduo colabore reduzindo o consumo de plástico”. Não é questão de alarde, mas para o bem do corpo e do planeta, a recomendação de Rodrigo é manter uma relação mais saudável com o plástico. “A gente tem que aprender uma relação de consumo que reduza a quantidade de coisas que usam plástico, priorizar vestuário com fibras naturais, optar por alimentos in natura, que não precisam de embalagens plásticas. VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e Região Veja mais notícias sobre a região na página do g1 Campinas.

FONTE: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2025/10/20/osteoporose-enfraquecimento-e-fraturas-como-o-microplastico-pode-estar-afetando-a-saude-dos-ossos.ghtml


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