'Já estava velando ele no hospital', diz irmã de homem que morreu por intoxicação por metanol em Jundiaí
19/10/2025
(Foto: Reprodução) Hospital São Vicente de Jundiaí (SP)
Divulgação/Prefeitura de Jundiaí
A irmã do homem de 37 anos que morreu por intoxicação por metanol, em Jundiaí (SP) disse que a condição do irmão era tão grave que todos da família já estavam esperando o pior. O paciente ficou internado no Hospital de Caridade São Vicente de Paulo de 3 a 14 de outubro.
A mulher, que preferiu não se identificar, contou ao g1 que o irmão sempre teve problemas com o alcoolismo, porém o caçula da família era uma pessoa boa e que será lembrado pelo bom humor.
"Apesar do vício, que atrapalhava bastante, ele (irmão) era uma pessoa boa, alegre. Tem um filhinho de cinco anos. Apesar do vício, a gente se reunia e se divertia bastante", disse.
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A família dele informou que o homem havia ingerido bebida alcoólica antes de apresentar os sintomas, mas não sabem dizer onde ou o que foi ingerido. Ele foi encontrado em casa em estado crítico e precisou ser socorrido e entubado ainda na ambulância.
Durante os dias de internação, o paciente chegou a ser tratado com etanol, que pode agir como um antídoto apesar de também ser uma substância tóxica. Porém, o homem sofreu diversas convulsões, perdeu parte da visão e não estava reagindo aos medicamentos, sofrendo morte encefálica, segundo a família.
O homem morreu na terça-feira (14), quando suas duas irmãs mais velhas estavam lhe visitando no hospital.
"A gente já estava velando ele no hospital, né? E eu falei para ele: 'Cê quer descansar? Pode descansar que eu vou ficar com você até você partir', e ele me ouviu. Ele foi ficando amarelo, amarelo e eu falei para a médica e para a minha irmã: 'Eu acho que ele está partindo'. (...) Eu era muito próxima dele, eu fazia tudo por ele, prometi para minha mãe e para o meu pai que cuidaria dele", lembrou a irmã.
"Ele partiu na minha frente depois de todos esses dias. Deus deu esse tempo para que a gente se acostumasse com a situação, pudesse digerir", acrescentou.
A intoxicação por metanol foi confirmada pelo Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) de Campinas e, segundo o hospital, foi informada ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e à Vigilância Sanitária de Jundiaí.
Ainda conforme os familiares, o velório e o sepultamento do corpo ocorreram no Cemitério Parque dos Ipês, em Jundiaí, na tarde de quarta-feira (15).
"O coração dele continuou batendo por sete dias, ele era forte. Mas aí o diagnóstico saiu e foi comprovado o envenenamento por metanol. Isso é terrível, é uma situação difícil, mas que possa ficar de alerta para as pessoas", encerrou a irmã.
Em nota, a prefeitura informou que mantém as ações de fiscalização preventiva em estabelecimentos que comercializam bebidas, para garantir a segurança dos consumidores e prevenir riscos à saúde.
"Até o momento, não foram identificadas irregularidades relacionadas às bebidas comercializadas nas inspeções realizadas. Acerca de casos de intoxicação por metanol, Jundiaí, até a manhã desta segunda-feira (6), permanece com o registro de um caso positivo para intoxicação pela substância", informou.
Na região de Sorocaba (SP) há um caso suspeito de intoxicação por bebida alcoólica adulterada com metanol. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), a vítima teria ingerido a bebida em um estabelecimento de Itu (SP). O caso é investigado pelo 2º Distrito Policial de São Bernardo do Campo.
'Batismo' de bebidas
Falsificadores pegam as garrafas de marcas famosas de bebidas alcoólicas, como gin e vodca, e adulteram o conteúdo. Em seguida, o produto é comercializado.
O metanol é uma substância altamente inflamável, tóxica e de difícil identificação. A ingestão, inalação ou até mesmo o contato prolongado com metanol pode causar náusea, tontura, convulsões, cegueira e até a morte.
Sintomas
Os sintomas de alerta costumam aparecer entre 10 e 12 horas após a ingestão, mas podem surgir em até 48 horas após o consumo. Se o diagnóstico correto e o atendimento adequado não forem feitos rapidamente, a mortalidade pode ser superior a 50%.
Se o socorro for rápido, a mortalidade pode ser de menos de 10%, explica a médica intensivista, emergencista e presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, Patrícia Mello.
Entre os sintomas iniciais da intoxicação por metanol estão:
Dor de cabeça intensa;
Alterações de consciência;
Náusea;
Dor abdominal;
Vômito;
Vertigem;
Sintomas visuais como a visão borrada, fotofobia, escotoma (ponto cego ou mancha escura) e até a perda súbita da visão também podem ocorrer.
Se a ingestão for muito intensa e muito rápida, o indivíduo pode evoluir rapidamente para um coma. Se o paciente tiver histórico de ingestão de bebida ou de alguma fonte duvidosa de algum líquido, deve relatar, para que o médico suspeite da intoxicação.
O que acontece no corpo nas primeiras 12, 24 e 48 horas após beber metanol
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