Exclusivo: imagens desmentem PMs sobre execução com fuzil de morador de rua em SP e mostram vítima desarmada e acuada

  • 05/08/2025
(Foto: Reprodução)
Imagens desmentem PMs sobre execução de morador de rua com fuzil Imagens de câmeras corporais, obtidas com exclusividade pela TV Globo, mostram que policiais militares mentiram ao justificar a execução de Jeferson de Souza, homem em situação de rua morto com três tiros de fuzil durante uma abordagem em São Paulo. O crime aconteceu em 13 de junho no Viaduto 25 de Março (veja acima). Os PMs Alan Wallace dos Santos Moreira, tenente da Força Tática, e o soldado Danilo Gehring afirmaram que Jeferson teria tentado pegar a pistola de um dos policiais, o que teria motivado os disparos. No entanto, as imagens revelam que a vítima — natural de Alagoas — estava desarmada, acuada, e foi morta sem apresentar qualquer ameaça. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 SP no WhatsApp A defesa do sargento Alan disse que "a ação policial decorreu de legítima defesa e que demonstrará isso ao tribunal do júri". A defesa do soldado Danilo não foi localizada. Procurada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que repudia a conduta dos PMs e que um inquérito policial está em andamento na Corregedoria da PM. Vítima chorava com as mãos para trás O vídeo mostra que Jeferson foi abordado por seis PMs por volta das 20h20, quando desceu de uma árvore e foi revistado debaixo do viaduto. Em seguida, foi levado para trás de uma pilastra, onde se sentou no chão, de pernas cruzadas, e passou a ser interrogado. O soldado Danilo, que estava com a câmera corporal ligada, chegou a tirar uma foto do homem e a enviou para diferentes contatos pelo celular. Pelas imagens, é possível ver Jeferson com as mãos para trás, chorando. Um policial segura um fuzil ao lado dele. Em determinado momento, a vítima é obrigada a se virar de costas. Pouco depois, o soldado Danilo cobre a lente da câmera com a mão e desvia o equipamento. Segundos depois, Jeferson aparece morto, com ferimentos de fuzil na cabeça, tórax e braço. Após o crime, os PMs disseram na delegacia que Jeferson era procurado por ameaça e estupro, mas não apresentaram nenhum documento para comprovar a identidade dele. Dois meses depois, a Polícia Civil ainda não confirmou o histórico criminal da vítima nem conseguiu identificá-lo pelas digitais. Desde o mês passado, os policiais estão presos e vão responder pelos crimes de homicídio doloso (quando há intenção de matar), falsidade ideológica e obstrução da Justiça. 'Inaceitável' e 'vergonhosa' O coronel Emerson Massera, chefe do Centro de Comunicação Social da Polícia Militar de São Paulo. Reprodução/TV Globo Em julho, o porta-voz da Polícia Militar de São Paulo classificou como “inaceitável” e “vergonhosa” a conduta dos policiais. Segundo o coronel Emerson Massera, chefe do Centro de Comunicação Social da PM, as imagens desmentem a versão dos policiais e mostram que a vítima já estava rendida. “O vídeo [das câmeras corporais] contraria completamente a versão apresentada pelos policiais. Ele [a vítima] estava tranquilo, conversando com os policiais e, do nada, o tenente efetua três disparos de fuzil contra essa pessoa”, afirmou. Para ele, o episódio "envergonha" a corporação. É uma ocorrência sem nenhum tipo de respaldo jurídico. Evidentemente, nos envergonha muito. Viola todos os valores da instituição, inclusive da legalidade. A Justiça paulista determinou a prisão dos dois policiais 22 de julho. Alan Wallace e Danilo Gehring foram presos pela própria corporação e levados ao Presídio Militar Romão Gomes, na Zona Leste de São Paulo. PMs da Força Tática são presos por matar morador de rua no Viaduto 25 de Março, no Centro de SP Reprodução/TV Globo LEIA MAIS: 4 em cada 10 assassinatos na cidade de SP foram cometidos por policiais em 2024, revela Anuário Na contramão do Brasil, São Paulo tem o maior crescimento de mortes cometidas por policiais do país em 2024 'Sadismo e desprezo pelo ser humano' Polícia mata sem-teto a tiros de fuzil Na decisão em que determinou a prisão dos agentes, a juíza citou a denúncia oferecida à Justiça pelo promotor responsável pelo caso. O MP-SP afirmou que os dois policiais “agiram impelidos por motivo torpe, deliberando matar o suspeito por mero sadismo e de modo a revelar absoluto desprezo pelo ser humano e pela condição da vítima, pessoa em situação de vulnerabilidade social”. “O homicídio foi cometido com emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima, a qual já estava rendida e subjugada pela guarnição no momento que foi repentinamente alvejada com três disparos de arma de fogo de alto calibre, um deles na cabeça, sem que pudesse esboçar qualquer reação”, escreveu o promotor. Na sentença, a juíza Luciana Scorza destacou que Alan Walace “de forma surpreendente, efetuou três disparos de fuzil contra a vítima, atingindo-a na cabeça, na lateral do tórax e no braço direito”. Scorza afirmou ainda que o colega de patrulhamento, Danilo Gehring, “aderiu ao propósito homicida de seu colega de farda, na medida que interrompeu o algemamento do suspeito e colocou a mão sobre a lente da câmera corporal no momento dos disparos efetuados por seu comparsa, justamente com a finalidade de obstruir o registro da ocorrência de execução sumária da vítima”. De acordo com a Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP), de janeiro a maio deste ano foram registradas 299 mortes em decorrência de intervenções policiais no estado de São Paulo. Quase duas por dia. No ano passado, no mesmo período, foram 311. Já do ano de 2023 pra cá, 517 policiais militares foram presos e outros 351 demitidos ou expulsos da corporação. Prédio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) no Centro de São Paulo. Divulgação/SSP Leia também: Ministério Público de SP denuncia PMs por execução de suspeito rendido durante operação em Paraisópolis, Zona Sul de SP PMs não sabiam que câmeras estavam gravando ao executarem suspeito em Paraisópolis

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/08/05/exclusivo-imagens-desmentem-pms-sobre-execucao-de-morador-de-rua-com-fuzil-em-sp-e-mostram-vitima-desarmada-e-acuada.ghtml


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