Como dubladores estão tentando se proteger da 'ameaça da inteligência artificial'?

  • 04/08/2025
(Foto: Reprodução)
Dubladora Bettina Zech em estúdio de dublagem em Munique, na Alemanha REUTERS/Anja Guder Boris Rehlinger pode não chamar a atenção nas ruas de Paris, mas sua voz é imediatamente reconhecida por milhões de espectadores franceses de filmes. Como a voz francesa de Ben Affleck, Joaquin Phoenix e até mesmo do Gato de Botas, Rehlinger é uma estrela nos bastidores -- e agora ele está lutando para manter sua arte viva na era da inteligência artificial. "Sinto-me ameaçado, embora minha voz ainda não tenha sido substituída pela IA", disse à Reuters o ator, que faz parte de uma iniciativa francesa, TouchePasMaVF, para proteger a dublagem criada por humanos da inteligência artificial. Ele disse que há uma equipe de profissionais, incluindo atores, tradutores, diretores de produção, adaptadores de diálogos e engenheiros de som, para garantir que o público mal perceba que o ator na tela está falando um idioma diferente do que é ouvido. O aumento das plataformas globais de streaming, como a Netflix, que depende muito da dublagem para fazer sucessos globais como "Round 6" e "Lupin", ampliou a demanda. "Round 6" Divulgação A empresa de pesquisa de consumidores GWI afirma que 43% dos espectadores na Alemanha, França, Itália e Reino Unido preferem conteúdo dublado em vez de legendado. Espera-se que o mercado cresça para US$4,3 bilhões em 2025, chegando a US$7,6 bilhões em 2033, de acordo com a Business Research Insights. Esse crescimento também pode ampliar a demanda por soluções baseadas em tecnologia ainda incipientes, com plataformas competindo por assinantes e receita e buscando conquistar anunciantes de seus rivais ao enfatizar seu alcance cada vez maior. No entanto, à medida que as vozes geradas por IA se tornam mais sofisticadas e econômicas, as associações do setor de dublagem de toda a Europa estão pedindo que a UE reforce as regulamentações para proteger a qualidade, os empregos e os catálogos anteriores dos artistas, evitando que sejam usados para criar futuros trabalhos dublados. "Precisamos de legislação: assim como aconteceu com o carro, que substituiu a carruagem puxada por cavalos, precisamos de um código de trânsito", disse Rehlinger. As preocupações com a tecnologia na indústria cinematográfica e se ela substituirá o trabalho dos humanos não são novas. A IA tem sido um ponto crítico em Hollywood desde a agitação trabalhista de 2023, que resultou em novas diretrizes para o uso da tecnologia. O co-presidente-executivo da Netflix, Ted Sarandos, disse este mês que a empresa usou a IA generativa para produzir efeitos visuais pela primeira vez na tela na série original "O Eternauta". O Eternauta Divulgação/Netflix Ela também testou a IA generativa para sincronizar os movimentos labiais dos atores com o diálogo dublado para melhorar a experiência de visualização, de acordo com três fontes familiarizadas com o trabalho. Esses experimentos dependem de dubladores locais para transmitir as falas, em vez de usar a IA para traduzir sinteticamente a voz do artista na tela para outro idioma. Esse uso de IA para dublagem é permitido pelo novo contrato do sindicato de atores SAG-AFTRA, que abrange a dublagem de idiomas estrangeiros para o inglês. Ele também exige que o ator que está prestando o serviço de dublagem seja pago. A Netflix se recusou a comentar sobre o uso de IA na dublagem quando questionada pela Reuters. Propriedade intelectual Esses testes realizados por um gigante do setor pouco contribuirão para acalmar os temores dos atores de dublagem. Na Alemanha, 12 dubladores conhecidos se tornaram virais no TikTok em março, obtendo 8,7 milhões de visualizações, por sua campanha que dizia "Vamos proteger a inteligência artística, não a artificial". Uma petição da associação de dubladores VDS pedindo aos parlamentares alemães e da União Europeia que pressionem as empresas de IA a obter consentimento explícito ao treinar a tecnologia nas vozes dos artistas e a compensá-los de forma justa, além de rotular de forma transparente o conteúdo gerado por IA, obteve mais de 75.500 assinaturas. Quando a propriedade intelectual não é mais protegida, ninguém mais produzirá nada "porque pensam 'amanhã isso será roubado de mim de qualquer maneira'", disse Cedric Cavatore, membro do VDS que dublou filmes e videogames, incluindo o jogo de PlayStation "Final Fantasy VII Remake". A VDS colabora com a United Voice Artists, uma rede global de mais de 20.000 dubladores que defende o uso ético da IA e contratos justos. Nos Estados Unidos, os dubladores de videogames de Hollywood e os atores de captura de movimento assinaram este mês um novo contrato com estúdios de videogame focados em IA que, segundo o SAG-AFTRA, representou um importante progresso nas proteções contra a tecnologia. 'Cadê Minha Vaga': saiba como é a profissão de dublador

FONTE: https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2025/08/04/como-dubladores-estao-tentando-se-proteger-da-ameaca-da-inteligencia-artificial.ghtml


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