Butantan propõe verticalizar fábrica para ampliar produção de vacinas após críticas a projeto que derrubaria árvores
05/08/2025
(Foto: Reprodução) Parlamentares e representantes do Instituto Butantan em audiência pública na Câmara de São Paulo.
Youtube
Nesta terça-feira (5), representantes do Instituto Butantan apresentaram um projeto de lei que autoriza a verticalização da área fabril da instituição, durante audiência pública realizada na Câmara de Vereadores, em São Paulo. A proposta, segundo o órgão, visa ampliar a produção de vacinas sem avançar sobre áreas de vegetação densa.
O novo anúncio foi feito após fortes críticas à versão anterior do projeto, que previa a derrubada de cerca de 6.600 árvores — número que gerou reações negativas de entidades civis, ambientalistas e moradores da região.
Com o texto atual, o Butantan afirma que pretende construir ou ampliar fábricas de vacinas apenas em áreas já ocupadas por edificações, reduzindo a necessidade de desmatamento. Segundo a direção do instituto, um novo estudo de impacto ambiental será elaborado, agora restrito à área fabril — que, de acordo com o projeto, tem baixa densidade arbórea e concentra, em sua maioria, espécies invasoras.
Apesar da tentativa de reposicionamento institucional, defensores de organizações da sociedade civil usaram a audiência pública para apontar problemas gerados pela expansão do complexo científico.
👉 Foram mencionadas queixas frequentes por excesso de ruído, que já resultaram em registros na Cetesb, boletins de ocorrência e denúncias pela Lei do Psiu, que regulamenta a poluição sonora na cidade de São Paulo. Mas moradores receberam apenas respostas protocolares.
Representantes do SOS Instituto Butantan, durante a sessão, relembraram que a mata é uma área de preservação permanente, sendo uma área tombada. Portanto, um local imune de cortes protegida por Lei.
Para os críticos, a ampliação sem o devido diálogo com a comunidade e sem transparência nos estudos de impacto ambiental tende a aprofundar os conflitos entre o instituto e os moradores da região.
O instituto também anunciou o que chamou de “maior plano de restauração ecológica de sua história”, prometendo o plantio de mais de 9 mil árvores nativas para restaurar trechos da Mata Atlântica dentro e nos arredores da instituição.
A medida, segundo a gestão, é uma forma de compensar os impactos da verticalização e combater a presença de espécies exóticas invasoras.
“Essa proposta beneficiará todos. Por um lado, mantemos nosso compromisso de ampliar o acesso da população brasileira à saúde, com a produção de vacinas, soros e imunobiológicos que salvam vidas todos os dias por meio do SUS. Por outro, vamos preservar e recuperar a Mata Atlântica do Instituto Butantan”, afirmou Esper Kallás, diretor do instituto.
Na sessão, o deputado Nabil Bonduki (PSOL) levantou questões como a possibilidade de mudar o local atual para outro terreno. Ele questionou qual seria o tempo de transição entre as duas possibilidades: a construção já proposta e a realocação. "Acho que esse é uma questão central para pensar uma saída para esta questão", pontuou.
O Butantan é responsável por grande parte da produção nacional de vacinas, incluindo imunizantes contra Difteria, Tétano, Coqueluche, HPV e soros antivenenos. A expectativa é que, com a eventual aprovação do projeto substitutivo, a instituição ganhe fôlego para atender à crescente demanda do sistema público de saúde.
Instituto Butantan muda projeto de expansão